sábado, 13 de março de 2010

O Olimpo de Frustrações


















O domínio psicossocial, dos padrões estéticos humanos, está cada vez mais tênue. É certo que assistimos, atualmente, a uma verdadeira confusão do que seja realmente "o belo" e do que seja "saudável". Por isso, a velha fronteira da sensatez humana encontra-se alamente fragilizada por uma busca, desorientada e frsutrante, pela beleza constante e eterna juventude.

Nos passeios empíricos por nossas ruas é que a realidade vem à tona. Enxergando corpos cada vez mais “montados”, saudamos o panteão grego com seus deuses do Olimpo – nobres e fortes – mas, sobretudo, em suas virtudes e características internas. O estereótipo olímpico é apenas alegoria desse mar de grandezas.

Recentemente, tivemos a oportunidade de acompanhar duas matérias publicadas na revista VEJA abordando esta temática. Dialogando com a fala do Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, João de Moraes Prado Neto, na primeira matéria, é notória a comum preocupação que o médico apresenta quanto à banalização das intervenções cirúrgicas, de caráter estético, no Brasil. Ainda nessa matéria, intitulada “Quando o belo ganha a máscara da plástica”, Buchalla – o autor – ressalta o caráter patológico e monótono das formas reproduzidas pelos cirurgiões plásticos.

Nessa batalha homérica, contra as rugas e formas alteradas pelo tempo, as mulheres, certamente, compõem o batalhão de frente. E são as mulheres acima de 50 anos, as que foram consultadas para uma pesquisa, publicada por VEJA, trazida pela matéria “Velhice? Fica pra mais tarde”. Ao responderem como se vêem e o que não gostam que sejam dito ao seu respeito, as consultadas desvinculam as suas imagens com as de suas mães, negam rótulos e revelam preocupação com a aparência sim. Porém, é válido ressaltar que 95% das entrevistadas colocam a preocupação com a saúde em primeiro lugar.

Logo vê-se que essa grande onda estética é fruto da natural associação do belo com o vivo, com o saudável. Concordamos com essa preocupação, porém é ordem cíclica da natureza que as pétalas das rosas caiam para que venha o novo. E a cegueira momentânea, que frustra os náufragos desse mar agitado, pode vir a ser passageira. Afinal, a onda sempre “vai e vem” e o oceano, pleno e grandioso, permanece.

Leandro C. de Magalhães

Editorial elaborado para a prova de redação do vestibular 2009/1, da Universidade Federal de Goiás, sob o tema "As formas de vigilância e o controle do corpo", obtendo nota máxima (40 pontos).

3 comentários:

Geografia da Imagem disse...

Muito bom!! você é um ótimo escritor, muito sucesso.

ChicaFulô! disse...

Já te falei o tanto q te admiro...!! Se ñ ! Tô falando agora.... ADMIRO-te muito meu camarada!

Xaralitch disse...

Tu escreve muito bem cara. Só que tu tem que decidir se tu vai querer escrever artística ou cientificamente. Acho, sinceramente que tu puxa de mais no vocabulário, coisa desnecessária, que acaba chamando a atenção só de gente mais instruída.